quinta-feira, 29 de abril de 2010

Psicanálise – compreensão do homem por Sigmund Freud.


(Esse trabalho tem por finalidade apresentar resumidamente, vida e obra do precursor da linha teórica psicanalítica, tendo por referência duas obras descritivas da trajetória Freudiana e suas contribuições para a compreensão do homem e seus comportamentos.)


“O pensamento é o ensaio da ação.”
                                                                              Sigmund Freud


Buscarei através de poucas páginas, explicitar em um resumo comparatório, os modestos conhecimentos por mim adquiridos na leitura de duas renomadas obras, que tem como eixo comum a vida de um grande gênio, Sigmund Freud. Estas obras são: Freud – Além da Alma (Filme – 1962) e Freud, o criador da psicanálise (Livro – 2002).
Apesar da considerável distância temporal entre as obras, muitas das informações por elas transmitidas entram em concordância. A primeira é um épico do cinema hollywoodiano (135 min.), texto original escrito pelo filósofo Jean Paul Sartre e dirigido pelo lendário John Huston. A segunda é uma obra literária de 72 páginas, do psicanalista e médico psiquiatra Marco Antonio Coutinho Jorge em conjunto com Nádia Paulo Ferreira, também professora na UERJ.
Ambas, tem caráter biográfico, porém, o filme restringe-se a cinco anos da vida de Freud, a partir de 1885, período que vai desde os primeiros problemas enfrentados por ele para estudar a histeria até a descoberta da sexualidade na infância como princípio causador de neuroses, mais especificamente o momento em que Sigmund expõe aos médicos vienenses sua teoria sobre o Complexo de Édipo. A literatura de Coutinho Jorge é mais abrangente nessa questão temporal, contendo informações contextuais do nascimento à morte do Pai da Psicanálise, o embasamento histórico é um fator presente na obra, o autor preocupa-se com a localização temporal e social dos fatos subjacentes a vida de Freud, fatos este que vão desde a raiz do sobrenome de sua família “freude”, passando pelo seu nascimento em 1856, às emigrações forçadas pelo desemprego e pelo anti-semitismo, primeiramente para a Alemanha, findando na Inglaterra, com sua morte em 1939.
Os autores concordam na relevância do conhecimento trazido por Freud para a Ciência, substanciam a descoberta do inconsciente, como fato perturbador à sociedade antropocêntrica, colocando o homem como ser dominado por forças que escapam à razão. Como citado por Coutinho Jorge, “a consciência, algo de que o humano tanto se gaba para diferenciar seu gênero de todas as espécies animais e que, no entanto, é apenas a ponta de um imenso iceberg chamado inconsciente.” Podemos dizer que Freud mergulhou no mar do psiquismo e analisou até onde seu cilindro de oxigênio permitiu tudo que esse iceberg escondia.
O texto de Paul Sartre afasta-se dos detalhes da vida pessoal de Sigmund, mas por outro lado dá ênfase a articulação das descobertas de Freud com as próprias experiências pessoais dele. Fator de grande importância, pois nos é sabido que o psicanalista não teve inicialmente apoiadores à sua descoberta da sexualidade infantil, e usou, dentre outros, seu próprio exemplo como embasador de sua teoria, podemos assim dizer que ele foi seu próprio analista. Também é percebido pelo espectador os conflitos psicológicos enfrentados por Sigmund ao adentrar no “confuso” inconsciente dos seus pacientes, Freud parecia temer o que poderia encontrar ali.
Como ambas as mídias tem caráter biográfico, não deixariam de citar a viagem de Freud a Paris, onde foi aluno de Charcot, maior estudioso de histeria da época, no Hospital Salpêtière, evento determinante para a construção da psicanálise. Algum tempo após esse encontro, Freud apresenta diante duma assembléia médica em Viena, estudos sobre a histeria, colocando-a como uma doença da psiquê sem localização neurológica e não como um “ato teatral”, somado a isso ele defende a hipnose, desprendendo esta da bruxaria e aplicando-a a medicina. Isto atrai a atenção de Joseph Breuer, médico que compartilhava com Freud o interesse pelo sintoma histérico e desenvolve o método cartático. John Huston destaca de forma mais acentuada o papel de Breuer na trajetória freudiana.
É ressaltado pelos autores a descoberta do método, até hoje o mais utilizado pelos psicanalistas, o da associação livre e a interpretação de sonhos. Freud descobre outras formas de acessar o inconsciente, no filme isso é visto nas terapias de Cecilly, que recusou a ser hipnotizada por Freud. Esta não são as únicas contribuições freudianas para interpretação do ser humano, em “Freud, o criador da psicanálise”, o autor explica teorias bases da escola psicanalítica, como a etiologia sexual das neuroses, o complexo de Édipo, princípios da transferência e resistência, dentre outros.
É inegável o brilhantismo e a sabedoria dos autores, mesmo com algumas discrepâncias quanto ao enfoque, ambos constroem com propriedade rico acervo sobre a vida e a obra de um gênio, que marcou a história da humanidade com suas idéias precursoras e esclarecedoras e cumprem de forma satisfatória sua função de disseminar a psicanálise.